Existem tantos estilos de escrita como autores. A definição da tua voz e estilo de escrita pessoal pode ajudar a que te sintas mais confortável e confiante no teu trabalho e que te consigas destacar da multidão, criando uma verdadeira conexão com os teus leitores.
Escrever é como cozinhar: quando preparas um prato pela primeira vez, provavelmente segues a receita à letra, medindo todos os ingredientes ao milímetro e respeitando os tempos de preparação. Mas, depois de já teres preparado o prato algumas vezes, provavelmente já te sentes confortável para improvisar e adicionar um pouco mais desse tempero de que tanto gostas.
O mesmo se aplica à escrita. Primeiro tens de observar e, depois, podes experimentar até chegares ao teu próprio estilo. Neste momento estarás, provavelmente, a pensar no fácil que isto parece ser, e nós, para facilitarmos ainda mais o processo, vamos dar-te 6 dicas. Aí vêm elas!
Verifica todos os pontos que cobrimos neste artigo e encontra mais rápido o que precisas:
- Ler, ler e ler
- A forma como falas pode influenciar o teu estilo de escrita
- Experimenta escrever diferentes tipos de texto
- De que maneira as séries e filmes podem ajudar o teu estilo de escrita?
- Conhece-te a ti próprio e aos teus leitores
- Pede a amigos e familiares que te deem feedback sobre o teu estilo de escrita
1. Ler, ler e ler
No escritório da Bookmundo em Roterdão temos livros em todo o lado. Porquê? Porque estamos orgulhosos de todos os nossos autores e gostamos de ler tanto quanto tu! A leitura parece ser uma necessidade óbvia para os escritores, mas nunca é demais sublinhar a importância que tem quando falamos de encontrar um estilo de escrita próprio e criativo.
Neste sentido, é preciso que te lembres dos teus autores favoritos e de como eles te encantaram e porquê com o seu estilo de escrita. O que é que te faz ter essa ligação especial com os seus textos?
“As pessoas esquecerão o que disseste, esquecerão o que fizeste, mas nunca esquecerão como os fizeste sentir”. Maya Angelou
Quer sejas um novo escritor ou tenhas uma longa carreira como autor, a veracidade desta frase não muda. É a forma como combinas as tuas palavras que faz com que as pessoas sintam as mais diversas emoções com a tua escrita.
Por isso, tenta ler algo que normalmente não considerarias ler e disseca o estilo de escrita do autor. O romance é um bom exemplo de escrita sobre os laços emocionais das personagens. Os romances policiais são ótimos quando se trata de narrativas que têm por base um longo fio condutor comum e a combinação de várias histórias. E a fantasia encoraja a criatividade na criação de um novo mundo e personagens.
Uma pequena dica: presta especial atenção às metáforas, descrições, escolha de palavras, estrutura da frase, comparações, etc. Podes até mesmo tomar nota de todas estas observações num caderno. Sempre que encontrares uma passagem interessante numa das tuas leituras, aponta a mesma. Quer seja a forma como um personagem fala, as descrições detalhadas dos cenários, o tom pessimista do romance… trata-se de escolheres os fragmentos que te cativaram e de analisar as razões por detrás disso.
2. A forma como falas pode influenciar o teu estilo de escrita
Qual foi o discurso que mais te impressionou – o discurso de Steve Jobs em Stanford em 2005 “Stay Hungry. Stay Foolish.”, o “Sim, podemos” de Barack Obama, ou, quem sabe, o discurso de Aragorn na Porta Negra de Mordor em “O Regresso do Rei”? É espantoso como os oradores escolhem as suas palavras: fazem uma pausa, levantam a voz, usam elementos retóricos e, acima de tudo, nos comovem. Então, escolhe o discurso de que mais gostas pessoalmente e analisa-o – que combinação de elementos táticos usa para ser tão cativante?
Ouvires e analisares o teu discurso favorito não só te ajudará a reconhecer diferentes formas de redação e a aumentares o teu vocabulário, mas também te ajudará a gerares novas ideias. Por exemplo, podes subscrever podcasts de Ted Talks e ouvi-los enquanto corres, cozinhas ou te deslocas para o trabalho. Em Ted Talks, oradores (e amadores) de todo o mundo fazem breves discursos sobre ideias ou descobertas brilhantes.
Também podes tentar elaborar o teu próprio discurso. Podes começar em frente de um espelho e passar para o papel. Vais notar que não é fácil escolher as palavras certas, mas com o tempo elas virão até ti de forma mais fluida e será muito mais fácil.
3. Experimenta escrever diferentes tipos de texto
Como mencionamos no início deste artigo, encontrares o teu próprio estilo de escrita é como cozinhar, é misturá-lo, mudá-lo, experimentar coisas diferentes, torná-lo mais teu, e assim por diante. Claro que é importante que pratiques a escrita na tua própria zona de conforto e no género de que mais gostas, mas como mencionamos na dica número 1, aprende-se muito mais através de outros tipos de livro, audiências e meios linguísticos.
Aqui vai uma lista de géneros diferentes e que podem ser úteis:
- Poesia
- Discurso político
- Literatura infantil e juvenil
- Fantasia épica
- Sátira
- Receitas
- etc.
Porque não tentas escrever um pequeno texto para cada? Quanto mais longe estiveres da tua zona de conforto, mais irás aprender.
4. De que maneira as séries e filmes podem ajudar o teu estilo de escrita?
Como sabes, a televisão é um meio que cativa as massas. Todos nós adoramos filmes, e os filmes estão cheios de drama, trocadilhos, diálogo e lágrimas. Como no caso dos escritores, cada realizador de cinema tem o seu próprio estilo, um estilo que se diferencia do resto e consegue cativar os espectadores. Tim Burton ou Quentin Tarantino são dois bons exemplos de realizadores cujos filmes podem ser facilmente reconhecidos.
Desta forma, pode ser inspirado por séries e filmes através dos seguintes elementos:
- Estrutura: a introdução dá clareza ao espectador ou é mais um puzzle por resolver? Como é a atmosfera? Como é que se consegue manter o suspense?
- Diálogos: os diálogos são constituídos por frases inspiradoras e únicas, tais como “No final, amanhã será outro dia” de “E Tudo o Vento Levou”?
5. Conhece-te a ti próprio e aos teus leitores
Somos todos humanos. Todos nós temos os nossos problemas, questões e assuntos para resolver. Por vezes, podemos expressá-los claramente e, outras vezes, são apenas um sentimento muito forte dentro de nós. Talvez já tenhas experienciado como um texto descreve exatamente o que sentes. Reconheces-te nele e concordas com cada frase.
Nunca esquecerás essas palavras.
Se conheceres muito bem os teus leitores, podes responder precisamente às suas emoções, preocupações ou desejos e gerar a mesma reação que já experienciaste. Muitos leitores imaginam os seus leitores como pessoas com nomes, características, preocupações e sonhos. Desta forma, o estilo de escrita torna-se mais pessoal, porque já não se escreve a vários pontos de interrogação, mas sim a um ser humano e a toda a sua complexidade.
Muitas vezes, o autor pode estar a viver ou ter vivido uma experiência similar ao escritor, neste caso, conheceres-te a ti próprio e aos sentimentos que viveste, vai aproximar-te aos teus leitores e facilitar o processo de escreveres algo com o qual eles se identifiquem.
6. Pede a amigos e familiares que te deem feedback sobre o teu estilo de escrita
Partilhares o teu trabalho com outras pessoas é um grande passo, mesmo que estas pessoas sejam apenas os teus amigos ou família. Desta forma, descobrirás o que pode estar a faltar na tua escrita, o que ela já tem de bom e, provavelmente, terás algumas ideias novas. Se ficares na tua própria bolha durante semanas ou meses, muito provavelmente já saberás as tuas frases de cor e não conseguirás formar uma opinião clara. Nestes casos, a opinião externa pode ser necessária.
Podes também juntar-te a diferentes grupos de escritores no Facebook. Como a maioria destes escritores não se conhecem, o feedback será ainda mais objetivo. Isto dar-te-á a oportunidade de ler os textos dos outros escritores e dar-lhes a tua própria opinião. Quem sabe, pode ser que até faças novos amigos ou ganhes novos leitores.
Por fim, lembra-te:
O estilo não é inventado, é trabalhado. E como disse Gustave Flaubert:
“O estilo está sob as palavras como dentro delas. É igualmente a carne e a alma de uma obra”.
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